sexta-feira, 13 de março de 2009

Que nem das minhas avós

Sabe aquela vontade que dá de comer uma comidinha italiana caseira e bem feita? Aquela mesma, que a Nona costumava fazer enquanto corríamos pelo jardim da casa sem nos preocuparmos com contas para pagar ou com quem seria o próximo presidente?

Agora que somos mais velhos, digo mais experientes, e a nona nem sempre está aqui para nos ajudar, temos que nos contentar em comer fora quando não dá para cozinhar. De qualquer forma, não devemos nos apavorar. São Paulo tem vários excelentes restaurantes italianos e outros tantos igualmente bons. Porém, nenhum, a meu ver é tão parecido com a casa da minha avó quanto o Tappo Trattoria do meu grande amigo e excelente guitarrista Benny Novak.

A arquitetura do Tappo lembra um pequeno e aconchegante vagão de trem que me transporta de volta aos tempos de criança. Lá não tenho que me preocupar com nada e até parece que não tenho nenhuma obrigação na vida, além de comer e me divertir.

Comida excepcional, muito bem feita e rústica. Nada de coisas diferentes e em porções minúsculas. Massa “al dente” e tudo muito saboroso e suculento. Aliás, se não o fosse assim, jamais encontraria o próprio Chef com sua linda família desfrutando como qualquer mortal em uma mesa feliz de Domingo.

Vinhos muito bons e que são servidos sem frescuras em pequenos copinhos para os mais relaxados e descontraídos. Se quiser taças de cristal também tem.

Informação mais do que importante a este momento da leitura é a de que os preços são justos e a experiência vale cada centavo. Veja as fotos dos pratos e me diga se não da vontade de largar a caneta, deixar o paletó na cadeira e correr para lá!


De qualquer forma, Como este espaço é para os amantes de confeitaria, preciso deixar aqui o meu relato de que poucos restaurantes se preocupam com a sobremesa e a tratam tão bem. O Tappo é a exceção a esta regra.

As sobremesas são muito bem preparadas e vem à mesa na temperatura e textura corretas. Não tem frescura na decoração, como todo o resto e, mais uma vez, lembram os finais de refeição das casas das minhas lindas e saudosas avós.

Palmas para o Canoli Siciliano com massa tão crocante, fina e fresquinha que parece que não vai chegar inteiro até a boca. O recheio de ricota com frutas secas e raspas de chocolate não tem comparação;....... ai que saudades das minhas avós!

Outras delicias como o semifreddo de chocolate vem rodeado de uma delicado creme inglês de baunilha, muito bem feito. Vale a pena conferir.

E para os que acham que sem álcool não tem diversão.... como eu, vai a dica do Sgroppino. Sorvete de limão, Vodka e Prosecco. Belíssimo!!

Meus amigos é o seguinte: acho que já sei aonde vou almoçar hoje.... ou quem sabe jantar... sei lá... me deu uma vontade de fingir que a vida não tem preocupações....

Como sempre digo: a vida é muito curta para comer comida ruim.

Até a próxima.

12 comentários:

Anônimo disse...

Flavito,

Obrigado meu amigo , adorei o texto e a ideia do Tappo é exatamente essa ai. Comida simples, caseira , um otimo bolognesa,uma polenta cremosa um bom vinho e logico uma trilha sonora deliciosa.
beijos.
Obs - a massa crocante, leve,e saborosa do canoli compro da sódoces, patisserie do Flavio!! So podia ne... abs

Flavio Federico disse...

Boas Benitto;

É verdade; esquecí de falar da magnífica trilha sonora. Jazz de qualidade que alegra até os ruins da cabeça e os doentes do pé.

Parabéns pelo incrível e honestíssimo trabalho.

Beijos

Flavio

Anônimo disse...

Prezado Flávio:

Andei muito tempo longe das panelas, da betedeira e do fogão. Este ano, mais precisamente o mês passado, resolvi sair do escritório onde trabalhava (sou advogada) e tratar de ser feliz: fazendo doces e tentando viver deles, cuja confecção é a minha verdadeira paixão. Veja bem, não tenho formação na área de gastronomia, tampouco trabalhei profissionalmente neste segmento. Sou simplesmente metida. Vivo às voltas com os doces desde menina, como uma herança de família, dos almoços de sábado na casa de minha avó, das idas à fazenda com meu avô...
Mas, apesar da meu modesto conhecimento, resolvi postar aqui esse comentário: Estive na sua loja no sábado passado, para experimentar os seus (não por acaso)famosos macarons, obedecendo a indicação da Geísa, da loja Barra Doce. Não me arrependi. Além de tudo ser maravilhoso, a loja é de extremo bom gosto. Resolvi, então, xeretar o seu site, me deparando, assim, com este blog. Achei muito legal e a identificação (pelo gosto da cozinha) foi instantânea.
Desde logo pedindo desculpas pela intromissão neste seu espaço, desejo muita sorte e sucesso para você!

Marina Mott

Flavio Federico disse...

Bom dia Marina;

Em primeiro lugar, agradeço muito seus comentários e a sua "intromissão". Este espaço é para todos os que amam a confeitaria e querem repartir algo de especial.

No seu caso, ter largado o direito, como eu, é algo muito especial e que requer coragem extrema, além de muita força de vontade e dedicação.

Vá em frente e saiba que a profissão é incrível, apesar de muito cansativa e estressante... no final vale muito a pena fazer alguém feliz com um pouquinho de açúcar.

Agradeço também, seus eleogios sobre os Macarons. Saiba que são feitos com muito amor e carinho, além de serem honestíssimos. Utilizamos 100% de farinhas de amêndoas e somente os melhores ingredientes.... saia a caça e experimente outros no mercado.

Muito sucesso para você e não se acanhe em escrever quando quiser.

Abs

Flavio

Raphael Despirite disse...

Flavio, to com blog novo, da uma olhada lá.. abraço cozinhabio.blogspot.com

Anônimo disse...

Olá Chef, cheguei aqui pelo blog do Julinho. Ainda não fui ao Tappo, mas a foto dos mexilhões me lembrou do ICI.
Abraços,
Daniela Fonseca (dafsp@terra.com.br)

Flavio Federico disse...

Os mexilhões são incríveis mesmo.
Vale a pena a visita, tanto no Tappo quanto no ICI, só para se lambusar.
abs

José Maria Xavier disse...

Que grata surpresa, ao passeiar pelas páginas da Gula, na matéria "doces para todos", o conheci. Desculpe minha ignorância em relação aos grandes chefs confeiteiros. Moro em Natal, estado do Rio Grande do Norte e sou proprietário do DOLCE VITA, pequeno (52 lugares) restaurante na cidade. Fiquei muito feliz com sua proposta de valorização de ingredientes nacionais.

Flavio Federico disse...

Obrigado, José Maria pelos seu comentários.

Valorizar o que é nosso sempre foi e será meu lema. Se não o fizermos, estaremos sempre em segundo plano.

Como você já deve saber, muitos estrangeiros vem para cá e dão muito mais valor que nós mesmos.

Devemos acreditar mais em nosso potencial e nossos ingredientes.

Parabéns pela casa. Quando for para esses lados vou passar para conhecer.

Sucesso

Dio disse...

Chefão, tudo bem?

Este post fará 3 anos na próxima semana!!!

Virá um novo ou deixará este por mais 1 ano?

Abração.

Derli Almeida disse...

Ola chef Flavio, sou chef de cozinha com especialidade em confeitaria em Londres Inglaterra, e voltando ao assunto antigo sobre o mundo da confeitaria.Gostaria de deixar meu recado trabalho na profisao, desde meu primeiro ano de College aqui em Londres e playboys ser confeiteiro ou chef de cozinha comeca no coracao,com muita disciplina (de exercito) e muito duro e leva tempo para amadurecer.E e isso ai em todo mundo dizem que confeiteiro e chef sao diferentes .mas e verdade tem diferenca.E que nem todo chef de cozinha sabe fazer sobremesas. ha que ter mais humildade chefs do Brasil estamos todos juntos. abracao Sr Derli Almeida.

Flavio Federico disse...

Olá Derli; muito obrigado pelo seu comentario.
Acho que sempre existe uma "falha" de interpretação no mercado atual.
Chef é um titulo/ Cargo!!! Existem "cozinheiros" e "confeiteiros". Esta é a nossa profissão.
As pessoas costuma dizer o Chef e o confeiteiro quando deveria ser o cozinheiro e o confeiteiro, que por sua vez podem, Ambos, serem chefs!!
Enfim..... poucos Cozinheiros sabem fazer boas sobremesas.
Abs